Naquela
noite, Sara adormeceu repleta de angústias e questionamentos. Pela manhã, os
dois tomavam seu café com poucas vestimentas.
GG:
O café está uma delícia! Você é muito boa nisso. Com quem aprendeu a fazer
café?
SS:
Eu via minha mãe fazer, aí um dia eu pedi pra ela me ensinar a fazer. Conforme
os anos iam passando, meus cafés iam ficando melhor. A gente vai melhorando com
o tempo.
GG:
Eu adoro seus cafés. Me garante energia para o dia todo.
SS:
Não exagera, Griss...
GG:
Precisamos tomar banho, estão nos esperando no lab. E Ecklie enchendo o saco é
pior do que qualquer coisa.
SS:
Griss...
GG:
Vamos, querida.
SS:
Eu não irei ao lab hoje. Avise ao Ecklie para ele não encher o saco.
GG:
Como é?
SS:
Eu preciso fazer uma viagem. Estou indo daqui a pouco para o aeroporto.
GG:
Para onde? Porque?
SS:
Não posso dizer agora, só peço que confie em mim.
GG:
Eu confio em você. Mas a circunstância é um tanto estranha.
SS:
Na volta te contarei tudo.
Grissom
foi para o lab com a cabeça cheia de perguntas e nenhuma resposta. Que raio de
viagem era essa que faria Sara faltar ao lab? E
por que ela estava um tanto misteriosa? Já que ela não lhe diria nada, o jeito
era confiar nela e torcer para que voltasse o mais rapidamente. A equipe estava
reunida na sala de convivência, Grissom ia distribuir os casos do dia.
GG:
Pessoal, temos muito o que fazer hoje, portanto, mãos à obra.
NS:
Espere, falta a Sara!
GS:
É mesmo, cadê a Sara?
GG:
Sara não virá, ele teve de fazer uma viagem.
CW:
É sério isso, Gil?
GG:
Sim. E Greg, você terá de ir sozinho para suprir a ausência de Sara, ok?
GS:
Sem problemas.
A
equipe ia saindo, mas Catherine permaneceu perto do amigo. Queria entender o
que de fato estava acontecendo. Depois que os rapazes saíram, a loira olhou
para o amigo e viu tristeza estampada nos azuis dele.
CW:
Não quer me contar o que está acontecendo?
GG:
Mas não está acontecendo nada, Catherine.
CW:
Como não?! Olha a tristeza estampada nos seus olhos...
GG:
Não exagera!
CW:
Custa me dizer que já está morrendo de saudades e quer que ela volte agora?!
GG:
Catherine, tem pessoas lhe esperando no caso. Passar bem.
CW:
Não está mais aqui quem falou...
A
loira saiu e Grissom permaneceu estático, olhando para as paredes, pensando
onde estaria sua Sara naquele momento. Depois do turno, em casa, o supervisor
sentiu que faltava algo. Faltava alguém. Faltava Sara. E onde ela estaria que
não dera um só telefonema? Será que chegara bem? Ou estaria se divertindo em
outros braços? Grissom
fez um agrado em Hank e foi tomar um banho para esfriar a cabeça e não pensar
em bobagens. Nunca tivera ciúmes da namorada, porque essa crise agora? Depois
do banho, mais relaxado, deitou-se na cama confortável e ligou o aparelho de
cd. Segurando um porta-retratos com uma foto dos dois, uma doce canção tocou.
“Você
foi o maior dos meus casos
De todos os abraços
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi, dos amores que eu tive,
O mais complicado
E o mais simples pra mim
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
Você foi, dos amores que eu tive,
O mais complicado
E o mais simples pra mim
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade faz lembrar
De tudo outra vez
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
De tudo outra vez
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você
foi o caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu
E o amor mais amigo
Que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez...
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez...
Me esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder... Ah!
Você foi toda a felicidade
Você foi a maldade
Eu tenha vontade
Sem nada perder... Ah!
Você foi toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer
Das
lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim
Outra vez....”
Sara
estava ali em forma de uma canção. E pensando nela, Grissom adormeceu,
desejando que no dia seguinte, veria novamente o mais belo dos sorrisos nos
lábios da mais bela das mulheres: a sua mulher! Alguns
dias se passaram e nenhuma notícia de Sara. Grissom tinha um vazio no coração,
que era a ausência da amada. Nenhuma notícia ela lhe dera. Afinal, onde ela
estaria? E com quem? E fazendo o que para não ligar nenhuma vez? As perguntas
sem respostas eram uma erva daninha machucando seu coração, e Grissom viu-se
perdido pela primeira vez na vida. Não sabia o que fazer, e simplesmente odiava
não ter controle sobre alguma situação. E pra onde olhasse, lá estava Sara,
sempre presente, mesmo estando ausente. No
fim de mais um turno, exausto e sem qualquer ânimo, Grissom resolveu passar
pela rua de Sara, na esperança de vê-la. Ao passar pelo prédio dela, parou o
carro, olhou para a janela dela (o apartamento de Sara tinha a vista para a
rua) e viu que a luz estava acesa. Ela estava de volta! Ficou em dúvida se
deveria ir até lá ou não. Afinal, nesses dias todos que esteve fora, Sara não
dera uma ligação para ao menos dizer “está tudo bem”. Por outro lado, revê-la
era tudo o que ele queria, e estando cara a cara com ela talvez Sara lhe
explicasse o que aconteceu de fato. Resolveu ir até o apartamento. Uma
ansiedade fora do normal o acompanhava, como se fosse ficar frente a frente com
os pais da “noiva”. Grissom
tocou a campainha e após alguns minutos a porta se abriu. Os
olhos azuis do supervisor ficaram maravilhados ao ver a bela mulher à sua
frente: Sara, cheirosa, com os cabelos harmoniosamente penteados, olhando-o
fixamente. Não resistiu e foi abraçá-la.
GG:
Oh honey, senti tanta saudade! Por que não me ligou nenhuma vez? Fiquei
preocupado!
Sara
não teve reação. Enquanto Grissom a abraçava apaixonadamente, ela se manteve
estática, fria. Ele estranhou a falta de correspondência por parte dela.
GG:
É assim que me recebe? Não me abraça também?
SS:
Er, bem... estou um pouco cansada, é isso.
GG:
Posso entrar? Tenho tanto a lhe falar!
SS:
Acho melhor não, preciso dormir...
Grissom
levantou a sobrancelha, intrigado com o comportamento de Sara.
GG:
Não quer mesmo que eu entre?
Sara
ficou muda. O olhar do supervisor era acusador. Então mudou de idéia.
SS:
Tudo bem, entre.
O
supervisor, estranhamente, sentiu-se pouco à vontade na presença de Sara.
SS:
Então, aconteceu alguma coisa?
GG:
É você quem tem que me dizer...
SS:
Como é? Não estou entendendo...
GG:
Eu também não, Sara, eu também não.
Grissom
parecia zangado. Consigo, com Sara, com o mundo. Ele a olhava com um olhar
sério, típico do Grissom de antes. Ela o olhava com a sobrancelha levantada. O
clima gélido no ar os distanciava. Até
que ele tomou uma atitude.
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